sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O que te faz feliz?

Aristóteles, em seu Ética a Nicômaco, definiu que a virtude é o caminho do meio. Comer demais te torna obeso; de menos, te mata. Coragem demais te torna descuidado; de menos, um covarde. E assim por diante.
Logo em seguida, como transcrito aqui, define que a felicidade não pode residir nos entretenimentos, pois não faria sentido dedicar uma vida apenas a isso. É ilógico trabalhar por décadas só pra satisfazer o desejo por diversão, pois a mesma serve para relaxarmos e continuarmos trabalhando.
Por fim, conclui que a felicidade deve residir na prática das virtudes.

Agora ao que interessa de fato... Quem ou o que é Deus? Deus é a beleza, é a inteligência, a sabedoria, a glória. Em outras palavras, Deus é a Verdade. E qual é mesmo o primeiro Mandamento? "Amai a Deus sobre todas as coisas". Todas, não algumas.

Agora sugiro que o leitor olhe pra dentro de si mesmo e seja sincero (não adianta mentir pra mim, não faz diferença - só não minta pra si mesmo). Onde, exatamente, busca tua felicidade? É na Verdade? Ou é na festinha, no baseadinho, no sexo casual, no álcool, no carro novo, nas posses em geral?
Percebe que ao colocar, por exemplo, o sexo num altar, acreditando piamente que ele vai te tornar feliz, está afirmando pra si e pro mundo que a fodinha no motel está acima da Verdade? O mesmo se aplica ao teu breuzinho, tua festinha, tuas últimas compras, teu emprego, etc. Tudo aquilo que é supervalorizado é colocado acima da Verdade e, portanto, declarado como mais importante e superior.
Como pode a virtude e a felicidade residirem nalgo que está obviamente abaixo da Verdade? Onde poderiam ser encontradas, se não na perfeição?

Agora outra análise... Já que tem acesso a todo esse entretenimento (que o véio Aristóteles há uns 2300 anos já explicou não ser o caminho da felicidade), olhando pra si mesmo, consegue afirmar que é feliz? Tua vida é do jeito que deveria? É exemplar? É um farol da luz divina? É um estandarte da Verdade?

Se sim, parabéns, pois vosmecê é um santo e está na mesma categoria que Santo Agostinho, Tomás de Aquilo, os apóstolos e todos os mártires que morreram em nome da Verdade.
Se a resposta for não, talvez seja hora de mudar um pouco o foco.

É normal que fujamos da dor e busquemos o prazer, tal qual um cachorro que lambe a própria genitália, mas será esse, de fato, o caminho? Esse amor anormal por si mesmo, que te afasta do sacrifício, que te acovarda diante das dificuldades e te faz rastejar atrás de prazeres mundanos, já foi descrito aqui. Não tenho dúvida quanto à veracidade do que escrevo aqui, pois conheço minha própria história e trocentas outras. E não conheço um escravo do mundo que não viva triste e/ou deprimido. Conheci gente de posses, com acesso a tudo do bom e do melhor, mas que vivia graças a antidepressivos. Conheci libertinos e party animals que tentaram o suicídio.

Como podemos desejar algo menor que a perfeição, que a Verdade, que Deus? Ele não está em teu orgasmo, em teu baseado, em tua conta bancária.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A culpa é sua

A política de um país é subproduto de sua cultura. Isso parece óbvio o bastante, não exige nenhum aprofundamento.

O Brasil é o país onde, se o sujeito não mama nas tetas do governo (e, por consequência, o bajula e idolatra ad nauseam), ele o critica ferozmente. O retardo mental que aflige os aduladores do PT dispensa comentários, então falemos do segundo caso.

A Alta Cultura do país está morta há décadas. Tínhamos Mario Ferreira dos Santos, Graciliano Ramos, Otto Maria Carpeaux, Nelson Rodrigues e muitos outros, ao passo que agora temos Paulo Coelho, Luiz Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor e similares. O brasileiro "praticante" não sabe diferenciar Beethoven da descarga da privada. Prefere "As Branquelas" ao clássico Casablanca. Odeia livros, mas quando afirma o contrário, em sua biblioteca só se encontra Harry Potter, Percy Jackson, 50 Tons de Cinza e demais bobagenzinhas, cujo maior trunfo foi vender bastante.

Num país onde Chico Buarque é intelectual, onde tipos como Chorão são exemplo pra juventude, onde BBB ainda tem audiência e as escolas estão jogadas às traças, que tipo de cultura há de brotar? Sendo a política um subproduto da cultura, que tipo de política você, brasileiro vagabundo e semi-analfabeto, espera que tenhamos? Não adianta apontar o dedo, culpar Fulano ou Beltrano. A culpa é de todo aquele que contribui, de uma forma ou de outra, pra estupidificação de si mesmo e dos que o cercam.

A culpa é sua, seu idiota, que investe horrores em tatuagens, piercings, trago e festas, mas é incapaz de gastar um tostão (ou 30 minutos diários, que seja) com a própria educação.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Cerveja e Catolicismo

Reavivando o velho blogo com um artigo tirado daqui, traduzido pelo meu chapa Vinícius.


A arte perdida de beber como um católico

Existe um modo protestante de beber, e existe um modo católico de beber, e a diferença é mais do que apenas quantidade. Não tenho dados científicos para sustentar a minha afirmação, nem realizei um estudo formal, mas podemos dizer que fiz um bocado de estudo informal, o qual provavelmente seja o melhor meio de testar uma hipótese dessas.

Para começar, o que seria o modo católico de beber? É difícil definir com precisão, mas aqui vai um exemplo histórico. Santo Arnaldo (580-640), também conhecido como Santo Arnulfo de Metz, foi um bispo de Metz, onde mais tarde seria a França, no século XVII. Muito amado pelas pessoas, dizia-se que Santo Arnaldo pregava contra o consumo de água, o que naquela época podia ser extremamente perigoso devido às péssimas condições sanitárias das redes de esgoto — ou mesmo a ausência total delas. Ao mesmo tempo, ele frequentemente apregoava os benefícios da cerveja, e atribui-se a ele ter dito uma vez: “Do suor do homem e do amor de Deus veio a cerveja ao mundo.”

Sábias palavras que a congregação de Santo Arnaldo levou a sério. Após a sua morte, o bom bispo foi enterrado em um monastério próximo a Remiremont, na França, para onde ele havia se retirado. Porém, os paroquianos sentiam a falta do padre e queriam-no de volta. Assim, em 641, depois de obter aprovação para exumar os restos mortais de Santo Arnaldo, eles carregam-no em procissão de volta a Metz para sepultá-lo na basílica dos Santos Apóstolos. Ao longo do caminho, como fazia calor, as pessoas ficaram com sede, e pararam em uma taberna, em busca de um pouco de cerveja. Infelizmente, a taberna tinha apenas o suficiente para uma única caneca, e ela teria que ser dividida entre todos. De acordo com a história, a caneca não se esvaziou até que todo mundo tivesse saciado a sua sede.

Vejam bem, não estou dizendo que o modo católico de beber envolva milagres, ou que um milagre deva ocorrer cada vez que as pessoas se reúnem para libar. Mas uma boa cerveja — e até um bom vinho — é um pequeno milagre em si, sendo um presente de Deus para as Suas criaturas, amadas por Ele. Como G. K. Chesterton escreveu no livro Ortodoxia: “Devemos agradecer a Deus por cerveja e por vinho Burgundy, evitando beber em excesso”[1]. Em outras palavras, demonstramos a nossa gratidão a Deus pelo vinho e pela cerveja ao apreciá-los com alegria e em boa companhia, mas sem consumi-los de forma abusiva.

O que constitui excesso cabe a cada um julgar por si próprio. No entanto, agora vamos tratar da principal diferença entre o modo católico e o modo protestante de beber. O modo protestante tende a ocorrer em um ou outro extremo: ou o consumo em demasia, ou a total abstinência, sendo cada um uma reação ao outro. Algumas pessoas, apropriadamente fartas da superioridade presunçosa dos abstêmios, bebem em excesso. Por outro lado, os abstêmios, devidamente consternados com os hábitos dos bêbados contumazes, privam-se de beber por completo. Ao que parece, nenhum dos lados percebe que a sua posição nada mais é do que isso: uma reação, e não uma solução. Se eles refletissem um pouco a respeito, talvez perceberiam uma terceira alternativa, que não envolve nem ebriedade, nem abstemia, e, ao mesmo tempo, condiz com o modo saudável, honesto e humano de viver do cristão.

Encontramos o modo católico de beber. Essa é a terceira alternativa, uma forma de dedicar-se a uma atividade secular apreciada por todos, de camponeses a imperadores, e até pelo próprio Jesus. Recapitulando: a questão não é somente quantidade. Na verdade, acho que o elemento principal é a sociabilidade. Quando amigos se reúnem para beber, seja para festejar, seja para lamentar, essa reunião deve ser sempre para desfrutar da companhia uns dos outros (sim, há momentos e locais para uma cerveja solitária, mas esses são uma exceção).

Por exemplo: as palestras da conferência anual de Chesterton, por si só, não são mais importantes do que, mais tarde, os participantes discutirem essas mesmas palestras enquanto tomam cerveja e vinho (seguimos a regra geral de Hilaire Belloc: evitar bebidas alcoólicas que tenham sido elaboradas após a Reforma). Esses encontros acontecem entre conversas, durante conversas —madrugada afora, inclusive — e normalmente encerramos a noite agradavelmente inebriados. Não consigo imaginar uma conferência de Chesterton sem isso. Ainda assim, também sei o quanto seria prejudicial se retornássemos aos nossos quartos cambaleando e irremediavelmente bêbados.


Evite os extremos — é assim que um católico bebe. Essa é a arte de se beber como católico. Muitos de nossos irmãos consideram beber algo imoral, enquanto outros acreditam que o ato de beber deve terminar com absoluta embriaguez. Mas adotar uma postura mais equilibrada — o método católico — significa divertir-se, dar boas risadas, chorar um pouco eventualmente, mas sempre com alegria e gratidão pela generosidade de Deus em dar-nos maravilhas como a cerveja e o vinho. Ao lembrar-se disso, a arte perdida de beber como um católico não continuará perdida.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Da engenharia social

Para mudar a cultura de um povo não ataque a cultura em si, mas crie novos hábitos que, retroativamente, serão justificados porque “sempre foi assim”.
Dito isso, vamos ao que interessa...

O adolescente, devido à sua inexperiência e pouca vivência, tende a ser revolucionário. Por simples ignorância, rejeita aquilo que veio antes de si, as tradições, a caretice do conservadorismo, etc. Por ainda não compreender a complexidade da existência humana e sua sociedade, tem a si mesmo como centro do universo. Assim sendo, a coisa mais importante do (seu) mundo é a própria satisfação, que acredita que só será alcançada através do imediato, das práticas sexuais, do consumo de drogas “recreativas”, festas, diversões e afins.
O “mais velho”, reconhecendo o erro, tentará aconselhá-lo, ajudá-lo, talvez censurá-lo e até castigá-lo, se necessário. Ainda incapaz de entender tais atitudes, o jovem vai ver nisso uma tentativa de impedi-lo de ser feliz, voltando-se contra seus censores. Quando se apega a alguma luta contra injustiças tenha certeza de que é porque ele mesmo se sente injustiçado, não porque está preocupado com os outros.

Esse “choque de gerações” torna o mancebo extremamente suscetível ao novo, ao “progresso” (pois tudo que é novo DEVE ser melhor), e à engenharia social. Então, se se deseja mudar a cultura de um povo através de hábitos novos, quem melhor que o jovem para assimilá-los e torná-los normais?

Há uns dez anos, piercings e tatuagens eram comuns em grupos específicos, sendo vistos com suspeita e aversão pela população em geral. Com o passar do tempo, pessoas cada vez mais novas passaram a adotar tais adornos (hoje vi um moleque de uns 10 anos usando brinco), fazendo daquilo uma prática tão habitual que senhoras de 50 anos passaram a usá-los também. É difícil sair na rua hoje e não se deparar com várias mulheres de idades e classes sociais diversas com flores, estrelinhas e borboletas tatuadas nos ombros e braços. O desrespeito com o próprio corpo, a agressão, a automutilação em nome de uma falsa auto-estima (assunto já abordado aqui e aqui) passaram a ser aceitáveis.

A promiscuidade e a sexualidade exacerbada e prematura são outro exemplo e nesse aspecto acredito que a internet tenha grande parte da culpa. Meninas cada vez mais permissivas, sem qualquer respeito próprio, se filmando e fotografando de forma erótica (quando não pornográfica) para se exibir para meninos transbordando hormônios, tudo em nome da vaidade. As tais ficadas (que outrora eram tão bobinhas) e a conduta libidinosa se espalharam de tal forma que mulheres de 40, 50 anos as adotaram também. Castidade e virgindade passaram a ser sempre relacionadas à Santa Igreja, o que na mente juvenil é sinônimo de retrocesso, de caretice.

Outro exemplo bastante recente é a aceitação, quando não adoração, da conduta homossexual. Outrora motivo de piada, hoje é inatacável, sob pena de execração pública e processo judicial.

O velho tende a ser resistente a toda essa propaganda graças à própria experiência. Seus valores morais foram lapidados com o passar das gerações, mas o adolescente despreza valores morais. Eles cerceiam sua liberdade absoluta, tornam amarga sua felicidade, são coisa do passado e devem ser abandonados. Seu oposto deve, portanto, ser o certo a buscar. Se o velho criticou é porque é bom! Com essa ânsia por novidades, torna-se presa fácil de qualquer nova tentação.

Lógico que o adolescente não é a única vítima direta dessas ferramentas de engenharia social. É apenas a mais entusiasmada. Donas-de-casa também o são através de novelas, com seus personagens devassos, gays sofridos e adoráveis, divórcios constantes, ricos perversos e pobres imaculados. Isso mais a porca literatura pop, a música de baixíssima qualidade das rádios e o cinema hollywoodiano levam a mensagem a praticamente toda população.

Depois que as novidades são adotadas simplesmente por serem novidades, ficam cada vez mais comuns até se tornarem a regra. O pobre brasileirinho, sempre buscando a aceitação do bando, não vai querer ser a aberração, certo?*
Ué, mas isso sempre foi desse jeito, não?




*O psicólogo Lawrence Kohlberg definiu o desenvolvimento moral em seis graus, que são os seguintes: “No mais baixo e primitivo, em que a conduta humana faz fronteira com a dos animais, a motivação principal das ações é o medo do castigo. É o estágio da “Obediência e Punição”. No segundo (“Individualismo e Intercâmbio”), o indivíduo busca conscientemente a via mais eficaz para satisfazer a seus próprios interesses e entende que às vezes a reciprocidade e a troca são vantajosas. No terceiro (“Relações Interpessoais”), os interesses imediatos cedem lugar ao desejo de captar simpatia, de ser aceito num grupo, de sentir que tem “amigos” e distinguir-se dos estranhos, dos concorrentes e inimigos. No quarto (“Manutenção da Ordem”), o indivíduo percebe que há uma ordem social acima dos grupos e empenha-se em obedecer as leis, em cumprir suas obrigações. No quinto (“Contrato Social e Direitos Individuais”), ele se torna sensível à diversidade de opiniões e entende a ordem social já não como um imperativo mecânico, mas como um acordo complexo necessário à convivência pacífica entre os divergentes, No sexto e último (“Princípios Universais”), ele busca orientar sua conduta por valores universais, mesmo quando estes entram em conflito com os seus interesses pessoais, com a vontade dos vários grupos ou com a ordem social presente.”
Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14610-a-moral-do-brasil.html


Obviamente o brasileiro quase nunca passa do terceiro grau, sendo um escravo da coletividade, o que explica porque a engenharia social funciona tão bem por estas bandas. Afinal, todo mundo faz, todo mundo sempre fez, por que eu não faria? Foi sempre desse jeito, não?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Como pensar do avesso

Lembram daquele livro genial devidamente aprovado pelo MEC que consistia em ensinar variações "populares" da língua portuguesa nas escolas? Através dele seria correto dizer "nóis faz", "a gente vamos", etc.
Não lembro do nome do autor dessa aberração, mas lembro que a justificativa era a "inclusão social", fazer o aluno se sentir à vontade sem usar a norma culta, que era elitismo querer ensinar a mesma língua a todos.

Esse tipo de projeto nos ensina como pensar ao contrário, do avesso mesmo. Me expliquem como pode ser inclusivo ensinar uma parcela da população uma variação PORCA da nossa tão bela língua, tornando inacessíveis autores como Dostoievski, Homero, Shakespeare e tantos outros.

É a mesma lógica suja e muito filha da puta que utilizam para defender cotas raciais (num país onde a maioria é negra/parda).

Há muito tempo que a única função do MEC é idiotizar os alunos, completando o serviço já feito pela mídia em geral

Humildade da ignorância

Queria encontrar um artigo que li anos atrás do finado Sérgio Jockymann, mas creio que não esteja na internet. Assim sendo, vou tentar eu mesmo desenvolver um pouco o assunto.

Houve tempos em que a ignorância era humilde. Ter seu português corrigido em público era motivo de vergonha, de baixar a cabeça e ruborizar. Águas passadas. As reações mais comuns a uma correção dessa natureza hoje em dia são "e daí? Você me entendeu!", "falo como eu quiser", etc.

Acredito (e se trata apenas de um palpite pessoal) que muito dessa defesa da própria miséria intelectual venha do pensamento esquerdista, que sente um prazer quase sexual em defender tudo o que é baixo, feio, pobre e vazio. O belo, o sublime, o elevado, tudo aquilo que não está ao alcance da ralé (seja no sentido econômico, social ou intelectual) é vilipendiado, hostilizado e rejeitado.

É sempre por aí que o pensamento esquerdista avança, é aí que encontra sua clientela: transformando as diferenças em motivo de vitimização. Se você é pobre, é culpa de quem tem dinheiro. Se você é feio, é culpa de quem é bonito. Se é burro, é culpa dos inteligentes. É o oposto do pensamento direitista, que acredita no mérito, no fazer por merecer, na constante busca pelo melhor. O esquerdista, um preguiçoso por excelência, não quer trabalhar para ser rico também, não quer estudar, não quer fazer por merecer, mas quer merecer. A solução é sempre a destruição daquilo que não tem.

O assunto é bastante extenso e amplo, mas não quero me alongar aqui. A cada linha que escrevo me surgem idéias para mais cinco ou seis. Tratemos apenas do tópico inicial.

Nos tempos em que o pensamento conservador "vivia tranquilo", o pobre sentia vergonha de ser pobre, não por se tratar de uma situação vexatória em si, mas por ter, na maioria dos casos, fracassado em sair daquela situação. Aquele que era reprovado na escola ou que simplesmente tirava uma nota baixa era achincalhado por ser preguiçoso. O sujeito que soltasse um "para mim fazer", "menas" ou um "estou meia cansada" e fosse corrigido agradeceria pela correção e se sentiria mal internamente por seu lapso. Não é mais assim. O ruim é bom, o "lixo é luxo". É a completa inversão de valores. O conhecimento porco de gramática e ortografia do próprio idioma são motivos de orgulho, sinais de independência, "eu não perco meu tempo decorando essas regrinhas idiotas". No fundo a pessoa talvez nem acredite de fato nessa defesa estapafúrdia que faz da própria burrice, mas ela PRECISA acreditar na própria farsa, ela precisa seguir mentindo para si mesma, ou terá que admitir seu fracasso e aí jaz boa parte da amargura do ignorante, do fracassado esquerdista.

Recentemente tomei uma decisão: eu explico duas mil vezes a quem me pedir ajuda sinceramente, mas mando enfiar o dedo no próprio rabo e rasgar pro lado se agir com prepotência. Não dá para baixar a cabeça diante de tal comportamento, pois é como alimentar a doença alheia, afirmá-la como correta.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Brasileiro, você fede

Tirado de: http://tudoparahomens.com.br/americano-cria-lista-de-motivos-pelos-quais-odiou-ter-morado-no-brasil/

Um americano, casado com uma brasileira, morou em São Paulo por 3 anos. Depois dessa árdua experiência, ele voltou para sua terra natal e fez questão de criar uma lista de 20 motivos pelos quais odeia viver no Brasil. Um fórum gringo resolveu continuar essa lista e trouxe mais itens que os gringos odeiam no país. Confira:
1. Os brasileiros não têm consideração com as pessoas fora do seu círculo de amizades e muitas vezes são simplesmente rudes. Por exemplo, um vizinho que toca música alta durante toda a noite… E mesmo se você vá pedir-lhe educadamente para abaixar o volume, ele diz-lhe para você “ir se fud**”. E educação básica? Um simples “desculpe-me “, quando alguém esbarra com tudo em você na rua simplesmente não existe.
2. Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas. É como um “instinto de sobrevivência” em alta velocidade, o tempo todo. O melhor exemplo é o transporte público. Se eles vêem uma maneira de passar por você e furar a fila, eles o farão, mesmo que isso signifique quase matá-lo, e mesmo se eles não estiverem com pressa. Então, por que eles fazem isso? É só porque eles podem, porque eles vêem a oportunidade, por que eles querem ganhar vantagem em tudo. Eles sentem que precisam sempre de tomar tudo o que podem, sempre que possível, independentemente de quem é prejudicado como resultado.
3. Os brasileiros não têm respeito por seu ambiente. Eles despejam grandes cargas de lixo em qualquer lugar e em todos os lugares, e o lixo é inacreditável. As ruas são muito sujas. Os recursos naturais abundantes, como são, estão sendo desperdiçados em uma velocidade surpreendente, com pouco ou nenhum recurso.
4. Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo. Enquanto todos os governos têm funcionários corruptos, é mais comum e desenfreado no Brasil do que na maioria dos outros países, e ainda assim a população continua a reeleger as mesmas pessoas.
5. As mulheres brasileiras são excessivamente obcecadas com seus corpos e são muito críticas (e competitivas com) as outras.
6. Os brasileiros, principalmente os homens, são altamente propensos a casos extraconjugais. A menos que o homem nunca saia de casa, as chances de que ele tenha uma amante são enormes.
7. Os brasileiros são muito expressivos de suas opiniões negativas a respeito de outras pessoas, com total desrespeito sobre a possibilidade de ferir os sentimentos de alguém.
8. Brasileiros, especialmente as pessoas que realizam serviços, são geralmente malandras, preguiçosas e quase sempre atrasadas.
9. Os brasileiros têm um sistema de classes muito proeminente. Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável. Eles acham que as regras não se aplicam a eles, que eles estão acima do sistema, e são muito arrogantes e insensíveis, especialmente com o próximo.
10. Brasileiros constantemente interrompem o outro para poder falar. Tentar ter uma conversa é como uma competição para ser ouvido, uma competição de gritos.
11. A polícia brasileira é essencialmente inexistente quando se trata de fazer cumprir as leis para proteger a população, como fazer cumprir as leis de trânsito, encontrar e prender os ladrões, etc. Existem Leis, mas ninguém as aplica, o sistema judicial é uma piada e não há normalmente nenhum recurso para o cidadão que é roubado, enganado ou prejudicado. As pessoas vivem com medo e constroem muros em torno de suas casas ou pagam taxas elevadas para viver em comunidades fechadas.
12. Os brasileiros fazem tudo inconveniente e difícil. Nada é simplificado ou concebido com a conveniência do cliente em mente, e os brasileiros têm uma alta tolerância para níveis surpreendentes de burocracia desnecessária e redundante. Brasileiros pagam impostos altos e taxas de importação que fazem tudo, especialmente produtos para o lar, eletrônicos e carros, incrivelmente caros. E para os empresários, seguindo as regras e pagando todos os seus impostos faz com que seja quase impossível de ser rentável. Como resultado, a corrupção e subornos em empresas e governo são comuns.
14. Está quente como o inferno durante nove meses do ano, e ar condicionado nas casas não existe aqui, porque as casas não são construídas para ser herméticamente isoladas ou incluir dutos de ar.
15. A comida pode ser mais fresca, menos processada e, geralmente, mais saudável do que o alimento americano ou europeu, mas é sem graça, repetitivo e muito inconveniente. Alimentos processados, congelados ou prontos no supermercado são poucos, caros e geralmente terríveis.
16. Os brasileiros são super sociais e raramente passam algum tempo sozinho, especialmente nas refeições e fins de semana. Isso não é necessariamente uma má qualidade, mas, pessoalmente, eu odeio isso porque eu gosto do meu espaço e privacidade, mas a expectativa cultural é que você vai assistir (ou pior, convidar amigos e família) para cada refeição e você é criticado por não se comportar “normalmente” se você optar por ficar sozinho.
17. Brasileiros ficam muito perto, emocionalmente e geograficamente, de suas famílias de origem durante toda a vida. Como no #16, isso não é necessariamente uma má qualidade, mas pessoalmente eu odeio porque me deixa desconfortável e afeta meu casamento. Adultos brasileiros nunca “cortam o cordão” emocional e sua família de origem (especialmente as mães) continuam a se envolvido em suas vidas diariamente, nos problemas, decisões, atividades, etc. Como você pode imaginar, este é um item difícil para o cônjuge de outra cultura onde geralmente vivemos em famílias nucleares e temos uma dinâmica diferente com as nossas famílias de origem.
18. Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins.
19. A qualidade da água é questionável. Os brasileiros bebem, mas não morrem, com certeza, mas com base na total falta de aplicação de leis e a abundância de corrupção, eu não confio no governo que diz que é totalmente seguro e não vai te fazer mal a longo prazo.
20. E, finalmente, os brasileiros só tem um tipo de cerveja (aguada) e realmente é uma porcaria, e claro, cervejas importadas são extremamente caras.
— Do Fórum —
21. A maioria dos motoristas de ônibus dirigem como se eles estivessem tentando quebrar o ônibus e todos dentro dele.
22. Calçadas no meu bairro são cobertos com mijo e coco de cães que latem dia e noite.
23. Engarrafamentos de Três horas e meia toda vez que chove .
24. Raramente as coisas são feitas corretamente da primeira vez. Você tem que voltar para o banco, consulado, escritório, mandar e-mail ou telefonar 2-10 vezes para as pessoas a fazerem o seu trabalho.
25. Qualidade do ar muito ruim. O ar muitas vezes cheira a plástico queimado.
26. Ir a Shoppings e restaurantes são as principais atividades. Não há nada pra fazer se você não gastar. Há um parque principal e está horrivelmente lotado.
27. O acabamento das casas é péssimo. Janelas, portas , dobradiças , tubos, energia elétrica, calçadas, são todos construídos com o menor esforço possível.
28. Árvores, postes, telefones, plantas e caixas de lixo são colocados no centro das calçadas, tornando-as intransitáveis.
29. Você paga o triplo para os produtos que vão quebrar dentro de 1-2 anos, talvez ais.
30. Os brasileiros amam estar bem no seu caminho. Eles não dão espaço para você passar.
31. A melhor maneira de inspirar ódio no Brasil? Educadamente recusar-se a comer alimentos oferecidos a você. Não importa o quão válida é a sua razão, este é considerado um pecado imperdoável aos olhos dos brasileiros e eles vão continuar agressivamente incomodando você para comê-lo.
32. As pessoas vão apertar e empurrar você sem pedir desculpas. No transporte público você vai tão apertado que você é incapaz de mover qualquer coisa, além da sua cabeça.
33 . O Brasil é um país de 3° mundo com preços ridiculamente inflacionados para itens de qualidade. Para se ter uma idéia, São Paulo é classificada como a 10ª cidade mais cara do mundo. (New York é a 32ª).
34. A infidelidade galopante. Este não é apenas um estereótipo, tanto quanto eu gostaria que fosse. Homens na sociedade brasileira são condicionados a acreditar que eles são mais ” virís ” por sairem com várias mulheres .
35. Zero respeito aos pedestres. Sim, eles não param para você passar. Na melhor das hipóteses, eles vão buzinar.
36. Quando calçadas estão em construção espera-se que você ande na rua. Alguns motoristas se recusam a fazer o menor desvio a sua presença, acelerando a poucos centímetros de você, mesmo quando a pista ao lado está livre.
37. Nem pense em dizer a alguém quando você estiver viajando para o EUA. Todo mundo vai pedir para você trazer iPods, X-Box, laptops, roupas, itens de mercearia, etc. em sua mala, porque eles são muito caros ou não disponíveis no Brasil.
38. A menos que você goste muito de futebol ou reality shows (ou seja, do Big Brother), não há nada muito o que conversar com os brasileiros em geral. Você pode aprender fluentemente Português, mas no final, a conversa fica muito limitada, muito rapidamente.
39. Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país. Os ônibus intermunicipais de luxo são eficientes, mas o transporte público é inconveniente, caro e desconfortável para andar. Consequentemente, o tráfego em São Paulo e Rio é hoje considerado um dos piores da Terra (SP, possivelmente, o pior). Mesmo ao meio-dia podem ter engarrafamentos enormes que torna impossível você andar mesmo em um pequeno trajeto limitado, a menos que você tenha uma motocicleta.
40. Todas as cidades brasileiras (com exceção talvez do Rio e o antigo bairro do Pelourinho em Salvador), são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O medo crônico da verdade

O brasileiro médio é um cagão por excelência. Prova disso é a forte tendência que a maioria deles têm de apelar para o relativismo em todos os aspectos de suas vidas, jamais aceitando a possibilidade de que haja uma Verdade objetiva. Isso explica por que tantos correm do catolicismo. Não estão preocupados em buscar a Verdade, mas um conjunto de idéias que se adapte bem ao seu estilo de vida. Não buscam a Verdade, buscam a si mesmos.

Muitos correm pro espiritismo, pois é mais tranquilo acreditar que terei outras vidas para corrigir as cagadas dessa aqui, além de sempre poder atribuir meus problemas à atuação de espíritos vingativos. Sem falar que basta não matar, não roubar, ser um cara legal é suficiente para salvá-lo.

Outros debandam pro protestantismo, onde basta se arrepender "no seu coração" e tudo estará ok. Pode fazer putaria, pode roubar, enganar, fazer o diabo, desde que diga pra si mesmo: "estou arrependido".

Alguns ainda optam por se definir como "open-minded" e são um caso especialmente curioso. Alegam ter a mente aberta a todas idéias e criticam os de "mente fechada", mas vejamos... Numa cabeça aberta entra qualquer merda, desde que não fira sua liberdade de aceitar qualquer bobagem. Logo, possuem a mente hermeticamente fechada à busca pela Verdade, pois a consideram limitadora, mas estão dispostos a aceitar como verdadeira qualquer abobrinha que soe agradável aos ouvidos.

O catolicismo não te promete riqueza e nem conforto. Te promete uma cruz enorme para carregar sem reclamar. Ninguém disse que a verdade seria agradável, mas buscá-la é uma obrigação de todo e qualquer ser humano minimamente honesto. E, como bem disse o prof. Olavo (não exatamente com essas palavras): "religiões são a opinião do homem sobre Deus e isso não importa. O que importa é a opinião de Deus sobre o homem e isso se vê através dos milagres comprovados e profecias que se cumpriram". E, meus amiguinhos, essas duas coisas só se encontram de fato no catolicismo.

"A verdade sempre soa como ódio àqueles que odeiam a verdade"

domingo, 27 de outubro de 2013

Sensacional

Um capítulo de memórias
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 23 de junho de 2008

Que o leitor me permita começar este artigo por um episódio da minha porca vida, do qual espero tirar algumas conclusões de interesse geral.
Tão logo cheguei a este mundo, uma estranha infecção pulmonar adiou meu ingresso oficial nele durante sete anos, reduzindo-me a um estado de inconsciência febril e delirante do qual só emergi no dia de ir para a escola, se bem que meus desafetos digam que não saí dele jamais.
Embutido no uniforme, eu me parecia exteriormente com os demais meninos, mas por dentro era um bebê, simplório como um passarinho, por total ignorância não só dos pecados como também de tudo o mais.
Sendo a escola uma instituição religiosa, os professores leram-me trechos do Evangelho, que me comoviam até às lágrimas, mas daí, mediante uma lógica que me escapava, deduziam e me atribuíam a incumbência de confessar meus pecados, dos quais o único que me ocorria, na minha desesperadora pobreza de repertório, era o pecado original. Disfarçando como podia a minha radical incompreensão do estado de coisas, entrei na fila do confessionário esperando que quando chegasse a minha vez tudo se esclareceria. Mas foi então que veio o pior. De trás de uma cortina que o tornava semi-invisível, um padre não identificado me perguntou:
-- Você fez porcarias?
Eu não tinha a mais mínima idéia do que podiam ser as tais porcarias, mas, fossem lá o que fossem, pareciam ser comuns a toda a humanidade, de modo que, por mera precaução, respondi: “Sim.” E já ia me sentindo muito aliviado pelo meu sucesso neste teste inicial, quando o padre voltou à carga:
-- Com meninos ou com meninas?
Agora ele me pegou, pensei aterrorizado. Como poderia eu supor que aquele delito misterioso e incognoscível se praticava com ambos os sexos? Não querendo, porém, dar o braço a torcer, declarei peremptoriamente: “Com os dois.” Feito isso, fui liberado para a parte leve do serviço, que consistiu em rezar dez Pai-Nossos e dez Ave-Marias, coisa que eu já fazia habitualmente sem ter de passar por aquele vexame preliminar.
Alguns meses se passaram antes que eu recebesse alguma informação fidedigna quanto à natureza das porcarias – e mesmo depois de cientificado ainda continuei duvidando que as pessoas fizessem mesmo aquelas coisas, as quais me pareciam sumamente despropositadas e tediosas. Tardiamente chegado a um universo repleto de estímulos e desafios, eu não podia conceber que alguém perdesse seu tempo “fazendo porcarias” em vez de se dedicar a alguma atividade mais substantiva como jogar bolinha de gude, brincar de Roy Rogers ou ir à matinê ver os desenhos de Tom & Jerry.
Mais tarde informaram-me que alguns meninos se dedicavam mesmo a um exercício denominado “troca-troca”, mas, como jamais eu visse nenhum deles se entregando a essa prática, permaneci incrédulo, só fingindo acreditar em tudo para não desagradar a ninguém e para não parecer ainda mais esquisito do que aquilo me parecia a mim. As porcarias, no fundo, se é que existiam mesmo, deviam ser coisa de gente grande, aquelas pessoas aborrecidas que só falavam de assuntos chatos – dívidas, doenças, arrumação de casa, políticos corruptos, juízes de futebol ladrões – e, para cúmulo, achavam normal comer brócolis em vez de sorvete. Que encanto pudesse haver nos seus afazeres porcaríferos era algo que me escapava por completo.
Quando, finalmente, compreendi do que se tratava, admiti que podia até haver algum interesse na coisa, mas aí um outro fenômeno me chamou a atenção, e este não era nem um pouco divertido: meditando a experiência da minha primeira confissão, descobri o abismo imensurável e sem fundo que pode haver entre a realidade da nossa alma e as imagens padronizadas que somos chamados a personificar na sociedade, imagens pelas quais os outros nos reconhecem, que eles chamam pelo nosso nome e nas quais, pelo efeito da repetição, acabamos por acreditar, sufocando a memória da nossa experiência efetiva e substituindo-a por um arranjo cômodo de aparências, que por sua vez se amoldam tão bem às necessidades da comunicação diária que acabamos por achar que são o verdadeiro “eu”.
A essa altura, aquela parte que ficou para trás, sem nome, não desaparece de todo, mas, excluída do mundo da linguagem, torna-se o nosso depósito pessoal de fantasmas, de temores inconfessáveis, de vergonhas indizíveis, de sensações informes e incomunicáveis.
Durante o meu período de doença, conheci mais dores e sofrimentos do que em geral os meninos da minha idade podiam sequer imaginar. Era todo um universo sombrio, opressivo, fechado. Sobretudo incomunicável: eu bem via o rosto angustiado de minha mãe, de meu pai, de meus tios, tentando puxar a minha dor para si próprios mas conseguindo apenas olhá-la de fora, atônitos e inermes, e atormentar-se em vão. Todo mundo passa por experiência semelhante algum dia, seja por meio da doença, da pobreza, da loucura, do abandono, da prisão. Minha diferença é que eu conheci esse lado obscuro da vida antes de conhecer qualquer outra coisa. Quando emergi desse inferno, tudo em volta me parecia tão interessante, tão bonito, tão atraente, que a hipótese de alguém poder entediar-se ao ponto de ter de buscar uma fonte extra de deleites me parecia simplesmente inverossímil. Eu não conhecia o sexo e, no meu deslumbramento com tudo o mais, não imaginava que alguém pudesse precisar dele (tudo o que depois li sobre sexualidade infantil me parece uma bobagem descomunal). Mas a estranha conjunção de uma experiência prematura do sofrimento humano com a ignorância radical de fatos elementares da fisiologia fez de mim uma incongruência viva, como Lao-Tseu, que nasceu velho e com o tempo foi se tornando um bebê. Claro, eu não era o único esquisitão do universo. Mais tarde descobri que cada ser humano tem por dentro algo de radicalmente diferente dos outros, um recinto próprio que a linguagem mal consegue penetrar e que, embora constitua a sua existência mais íntima e pessoal, acabará sendo totalmente ignorado pelos que em torno imaginam conhecê-lo. Toda a riqueza e o interesse da convivência humana consiste em usar os esterereótipos como meros bilhetes de ingresso nesse recinto, jogando-os fora tão logo entramos mais fundo na alma alheia. Mas como poderíamos fazer isso, se tudo em volta nos convida a encarnar os estereótipos cada vez mais esforçadamente, com um arremedo de sinceridade cada vez mais perfeito, até acabarmos acreditando que eles são nós?
As sociedades humanas podem ser comparadas – e julgadas – pelo seu sucesso ou fracasso em transmutar a linguagem comum em instrumento do encontro genuíno entre os seres humanos. E, de tudo o que vi e vivi depois, concluí que a sociedade brasileira se destaca pelo total desinteresse em fazer isso, pela acomodação complacente a uma convivência feita só de estereótipos. Foi isso o que o conde de Keyserling, aquele observador arguto, notou ao dizer que, enquanto nos outros países as pessoas só imitam aquilo que desejam tornar-se no futuro, os brasileiros se contentam com a imitação enquanto tal, esmerando-se nela ao ponto de esquecer que é possível ser algo na realidade e acabando por acreditar que a única coisa a esperar da vida é o sucesso no fingimento. Não é à toa que a obra do maior dos nossos ficcionistas é uma galeria de fingidos, hipócritas e palhaços como jamais se viu no mundo. Em Machado de Assis o único personagem sincero, o único que fala consigo mesmo e tenta se compreender a si próprio e aos outros, o conselheiro Aires, acaba vivendo num prudente e recatado isolamento. Isso explica muita coisa da nossa política.
No meu caso, justamente a confissão, que deveria ser o encontro mais íntimo da consciência interior com o observador onissapiente, acabou se transformando no desencontro completo entre a rotina de um confessor entediado e a confusão mental de um menino ignorante. O Papa João Paulo II acertou em cheio quando disse que os brasileiros são cristãos no sentimento, mas não na fé. Não existe fé sem vida interior, mas a vida interior começa pelo ingresso naquele recinto fechado, sombrio, e pelo esforço de comunicar o incomunicável. O brasileiro acha isso angustiante demais e, buscando alívio numa familiaridade fácil, acaba por se transformar no seu próprio estereótipo.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Orgulho do Fracasso

Indicado pros imbecis que acham que podem escrever como quiserem, que funk faz parte da cultura nacional e que religião é coisa de velha chata.

O orgulho do fracasso
Olavo de Carvalho  O Globo, 27 de dezembro de 2003

“O world, thou choosest not the better part!”
(George Santayana)
Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica. São os valores universais, que, por servirem a toda a humanidade e não somente ao povo em que se originaram, justificam que ele seja lembrado e admirado por outros povos. A economia e as instituições são apenas o suporte, local e temporário, de que a nação se utiliza para seguir vivendo enquanto gera os símbolos nos quais sua imagem permanecerá quando ela própria já não existir.
Mas, se esses elementos podem servir à humanidade, é porque serviram eminentemente ao povo que os criou; e lhe serviram porque não traduziam somente suas preferências e idiossincrasias, e sim uma adaptação feliz à ordem do real. A essa adaptação chamamos “veracidade” -- um valor supralocal e transportável por excelência. As criações de um povo podem servir a outros povos porque elas trazem em si uma veracidade, uma compreensão da realidade -- sobretudo da realidade humana --que vale para além de toda condição histórica e étnica determinada.
Por isso esses elementos, os mais distantes de todo interesse econômico, são as únicas garantias do êxito no campo material e prático. Todo povo se esforça para dominar o ambiente material. Se só alguns alcançam o sucesso, a diferença, como demonstrou Thomas Sowell em Conquests and Cultures, reside principalmente no “capital cultural”, na capacidade intelectual acumulada que a mera luta pela vida não dá, que só se desenvolve na prática da língua, da religião e da alta cultura.
Nenhum povo ascendeu ao primado econômico e político para somente depois se dedicar a interesses superiores. O inverso é que é verdadeiro: a afirmação das capacidades nacionais naqueles três domínios antecede as realizações político-econômicas.
A França foi o centro cultural da Europa muito antes das pompas de Luís XIV. Os ingleses, antes de se apoderar dos sete mares, foram os supremos fornecedores de santos e eruditos para a Igreja. A Alemanha foi o foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do mundo -- com Kant, Hegel e Schelling -- antes mesmo de constituir-se como nação. Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e filosófica antes de lançar-se à aventura industrial que os elevou ao cume da prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da religião -- religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como legado da tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram os versículos do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e portugueses, rapidamente afastados do centro para a periferia da História, o fato de terem alcançado o sucesso e a riqueza da noite para o dia, sem possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material conquistado.
A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até tornar-se invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles problemas.
O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais explicações alegadas -- a exploração estrangeira, a composição racial da população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados -- são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade depois.
As escolhas, dizia L. Szondi, fazem o destino. Escolhendo o imediato e o material acima de tudo, o povo brasileiro embotou sua inteligência, estreitou seu horizonte de consciência e condenou-se à ruína perpétua.
O desespero e a frustração causados pela longa sucessão de derrotas na luta contra males econômicos refratários a todo tratamento chegaram, nos últimos anos, ao ponto de fusão em que a soma de estímulos negativos produz, pavlovianamente, a inversão masoquista dos reflexos: a indolência intelectual de que nos envergonhávamos foi assumida como um mérito excelso, quase religioso, tradução do amor evangélico aos pobres no quadro da luta de classes. Não podendo conquistar o sucesso, instituímos o ufanismo do fracasso. Depois disso, que nos resta, senão abdicarmos de existir como nação e nos conformarmos com a condição de entreposto da ONU?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Abobrinhas

Frequentando os Facebuquis da vida percebe-se que para ser visto como inteligente ou culto hoje em dia basta opinar sobre qualquer tema que esteja em voga. Mas o que me chamou a atenção é que aqueles que o fazem são sempre vistos como indivíduos que "pensam por si próprios", embora apenas repitam incansavelmente tudo aquilo que a imprensa (a mesma que tacham de "golpista" quando lhes convém) divulgou. Jamais ampliam o espectro de sua análise buscando fontes alternativas de informação, limitando-se a repetir qualquer abobrinha que ouviram, enfeitando-a com uma retórica mais pomposa. Logo, conclui-se que não são livres pensadores, mas propagandistas daquilo que todo mundo toma como verdade simplesmente porque é só aquilo que conhece. São os famosos idiotas úteis, que acreditam estar lutando pelo bem de todos enquanto cavam a própria sepultura.
Vou ilustrar o caso com alguns exemplos.

É muito bonito discursar sobre homofobia e acusar meio mundo de ser homofóbico, ignorando que esse termo foi cunhado para designar pessoas que ODEIAM ou sentem PAVOR irracional de homossexuais, atacando-os e matando-os. Graças à propaganda esquerdista e o politicamente correto, contar uma piadinha sobre a conduta sexual gay é o mesmo que ser assassino.

É sinal de bom senso atacar a Igreja Católica e acusar padres de serem pedófilos (nunca é o pedófilo que virou padre, mas o padre que é um pedófilo nato). Pena que essa molecada não sabe que o grupo onde MENOS existe pedofilia é justamente o clero. Os campeões de abuso de crianças são professores e, acima de todos, os agentes assistenciais da ONU.

Também é fabuloso afirmar que a Igreja Católica é assassina e causadora de genocídios, além de acusá-la de ter atrasado o pensamento científico. Puxa, se ao menos nossos amiguinhos soubessem que a Santa Inquisição salvou muita gente, ao contrário do que aprenderam na escola, e que entre as obras da Santa Igreja estão as universidades, o método científico, os hospitais, entre outras tantas coisas.

É uma gracinha ficar exigindo do governo a solução para isso e para aquilo, julgando-se um "freedom fighter", como aqueles imbecis que participaram dos protestos recentes aqui no Brasil. Lutam pela liberdade exigindo providências daqueles que os oprimem. Gênios.

É muito fofinho exigir direitos para os animais, mas não lhes ocorre que direitos trazem também deveres. Animais não conseguem lidar com deveres, logo, como dar-lhes direitos especiais? Os tapados que andam protestando, pedindo penas mais duras para aqueles que maltratam animais não percebem que os estão colocando no mesmo nível que os seres humanos, o que é moralmente reprovável e absurdo.

É genial propor a legalização das drogas como solução para o tráfico, ignorando que essa legalização promoveria criminosos como os membros das FARC a empresários com o monopólio do mercado.

É grandioso e engajado falar em aquecimento global e seus riscos, ignorando por completo todas as fraudes utilizadas para "provar" esse embuste. O mesmo serve para os supostos malefícios do cigarro.

Os exemplos não param por aí, mas acho que já deu para entender, né? O pior é quando essas abobrinhas vêm endossadas por imbecis públicos, como Jô Soares e Arnaldo Jabor. Aí passa a ser lei divina!

sábado, 17 de agosto de 2013

Um pouco de lógica

O blog anda paradão, mas tá vivo ainda. Para reavivar um pouco as coisas por aqui, um pouco de lógica anti-relativismo.

Quando um relativista - aquele que nega que exista uma verdade objetiva e diz que tudo depende de opinião e ponto de vista - afirma que tudo é relativo, ele está afirmando que o próprio relativismo é relativo, pois está incluído no "tudo". Se o próprio relativismo é relativo, significa que algumas coisas dependem de opinião e outras, não; o que acaba afirmando a existência de verdade objetiva. No fim das contas, o relativismo enforca a si mesmo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O jovem e sua autorrealização

"(...) A camada intelectual é constituída de pessoas frágeis. Sempre foi assim. São pessoas que às vezes não têm uma posição definida na sociedade, que têm muitas ambições e poucos meios de realização... Então esse pessoal sempre traz um grande ressentimento dentro de si. E olha o mundo e vê o que lhe parece ser a vitória dos maus, que nem sempre são tão maus quanto ele imagina. Mas, diante dessa revolta, ele vendo o poder do mal no mundo, ele se impressiona com o poder do mal, e impressionar-se ante um poder já é cultuá-lo, já é cair sob o domínio dele. Então o sujeito começa a entrar na dialética do mal: ele lê Maquiavel, lê Nietzsche, essa coisa toda, e aí vai elaborar a sua revolta, sem perceber que, com isso, ele está ele próprio se transformando num instrumento do demônio. Quer dizer: quanto mais revoltado contra o mal do mundo o sujeito está, mais mal ele vai fazer, isso aí é a coisa mais óbvia.

O ser humano não nasceu para corrigir o mundo. A esfera de ação própria do ser humano é muito pequena. E hoje em dia todo mundo tem a ambição de criar um mundo melhor. Qualquer garoto de 12 anos está criando um mundo melhor. Então é essa ambição de criar um mundo melhor que faz os camaradas entrarem numa luta pelo poder — porque, se você quer mudar o mundo, você precisa ter o poder para modificá-lo —, então modificar o mundo, melhorar o mundo passa a ser o capítulo 2; o capítulo 1 é conquistar o poder. Esse pessoal cria uma obsessão de poder, e todos eles se corrompem até o fundo da alma, e se transformam eles mesmos em maiores propagadores do mal ainda. Então isso não é porque o sujeito fosse um idealista. 

Esse negócio de que os jovens entram nas lutas sociais por ser um idealista, isso é uma patacoada. Que garoto de 14 ou 15 anos tem uma visão correta da sociedade, da pobreza etc.? Que garoto de 14 anos está mais interessado nos outros do que em si mesmo? Me diga. Isso é impossível. Um garoto de 14 anos está lutando pela sua autorrealização. E, se ele está revoltado com a injustiça no mundo, é porque ele se sente injustiçado, embora na maior parte dos casos não o seja. Então ele projeta esse seu sentimento de injustiça nos outros, e diz que ele está representando então os pobres e oprimidos. Isso é uma mentira! Eu digo isso analisando o quê? A minha própria geração e a mim mesmo. O que é que eu sabia da pobreza e da miséria do Brasil quando pela primeira vez me fascinei pelas ideias de esquerda? Não sabia coisíssima nenhuma! Eu sabia que eu estava me sentindo mal. Eu me sentia mal e oprimido, então odiava qualquer coisa que representasse aos meus olhos a autoridade. Então eu estava lutando é pelos meus próprios interesses, pela minha própria vaidade, como todos daquela época! 

Eu, inclusive, veja, no Partido Comunista, se você perguntar quem você conheceu que fosse uma pessoa piedosa, caridosa, que tivesse realmente piedade pelos pobres, que tentasse ajudá-los diretamente, não conheci um! Nem um único! Eram todos corações secos! Todos eles! Então o sujeito está lutando pela sua própria vaidade, mas, como se engana a si mesmo, achando que ele é o salvador que está lutando contra o mal, quanto mais ele pensa assim, mais ele se impregna do mal por via da vaidade. (...)"

- Olavo de Carvalho, nalgum The True Outspeak cuja data desconheço.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Olavo sempre acertando...

"O ateísmo, em geral, é uma opção de juventude, prévia a qualquer consideração racional do assunto, e uma vez tomada não lhe resta senão racionalizar-se a posteriori mediante artifícios que serão mais ou menos engenhosos conforme a aptidão e a demanda pessoal de argumentos.
Não se conhece um único caso célebre de pensador que tenha chegado ao ateísmo na idade madura, por força de profundas reflexões e por motivos intelectuais relevantes.
Ademais, toda fé religiosa coexiste, quase que por definição, com as dúvidas e as crises, ao passo que o ateísmo militante tem sempre a típica rigidez cega das crenças de adolescente.
O ateísmo militante é, por si, um grave sinal de imaturidade intelectual." - Olavo de Carvalho, em "O Jardim das Aflições", rodapé da pag. 100

sábado, 22 de junho de 2013

Apeirokalia

Há alguns dias, ruminando sobre alguns assuntos, comecei a reparar que quando uma pessoa não exerce a capacidade de se deslumbrar com o que é elevado e belo, não busca o fascínio da erudição e do sublime, simplesmente não consegue mais fazê-lo depois de algum tempo, mesmo que tente. A busca pelo conhecimento e pela Verdade se torna insossa, insípida, e a satisfação só é encontrada, então, nos pequenos prazeres mundanos. Não seria exagero comparar alguém neste estado terminal a um bicho, cuja vida gira em torno de comer/copular/dormir.

Por acaso, tive a felicidade de descobrir que isso tem um nome em grego: apeirokalia, que significa "falta de experiência das coisas mais belas". E, para meu deleite, cai no meu colo um artigo do dotô Olavo justamente sobre isso. Ei-lo aí: http://www.olavodecarvalho.org/livros/apeirokalia.htm

sábado, 15 de junho de 2013

Sobre os atuais protestos

Escrevi isso aqui no Facebook. Como sei que há pessoas que acompanham o blog, mas que não utilizam o Fêici, posto aqui também:

Me passo por rabugento, mas ninguém tenta entender nada, só aplaudir ou vaiar de acordo com a emoção momentânea. Assim sendo, explico de forma bem didática o porquê d'eu ser contra o tal Movimento Passe Livre.

Segundo o site deles, o que buscam é a estatização do transporte público. Sabe o que é estatização? É entregar na mão do governo. A consequência disso é que os usuários não pagarão mais passagem, mas nada é de graça, então quem paga é o contribuinte através dos impostos. Ou seja, tanto os usuários quanto os que não utilizam o serviço vão pagar a conta. Porque "é mais justo", na cabecinha doente dessa gente.

O serviço de transporte público é ruim? Sim, é. E quebrar ônibus e ficar implorando, de pernas abertas, que o Estado assuma e te enrabe gostoso não vai mudar isso. Mesmo porque serviço estatal é sempre uma merda, ou alguém aí acha bom nossos sistemas públicos de saúde, educação, segurança, etc? O governo não ganha nada melhorando os serviços que presta, pois não compete com ninguém.

Se quer que o serviço melhore é necessário que exista CONCORRÊNCIA, que exista mercado. É preciso estimular a livre iniciativa, deixar que o cidadão gere as mudanças e melhorias de acordo com as necessidades, sendo a falência o salário do mau administrador. Se a Microsoft, Apple, IBM e afins fossem estatais, ainda estaríamos usando uns 486 de tela verde.

Mas brasileiro tende a esperar tudo do Paizão Governamental. "É meu direito", clamam cheios de emoção. "Privatizar é entreguismo", dizem sem entender o mínimo de economia. 

Vocês acham que esses protestos tão incomodando o governo? É justamente o contrário, seus chupa-rola. Ele A-DO-RA quando pedem sua intervenção e lhes dão ainda mais poder sobre a população. E depois tu ainda ouve gente empolgada dizendo "ai, o brasileiro está acordando". Não, meu filho, ele continua bem adormecido. Só está sofrendo de sonambulismo.

Deu pra entender agora, seu idiota? Então não me encha mais o saco.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Pergunta a Chesterton

"Prezado sr. Chesterton, como o senhor pode pensar que o cristianismo é verdadeiro? E as outras religiões que afirmam ser verdadeiras?" - Ass.: um livre-pensador

"Caro ex-pensador, o vulgar argumento moderno usado contra a religião, e ultimamente contra a decência comum, seria absolutamente fatal a qualquer ideia da liberdade. Diz-se muito que, como há mais de cem religiões afirmando ser verdadeiras então, por isso, é impossível que uma delas realmente deva ser verdadeira. O argumento deveria ser obviamente ilógico para qualquer um que conhecesse lógica. Seria como dizer que só porque algumas pessoas pensaram que a terra era chata e as outras (um tanto menos incorretamente) imaginaram que era redonda, e porque alguém diz que ela é triangular ou hexagonal, ou um romboidal, por isso ela não tem nenhuma forma em absoluto, ou que a sua forma nunca pode ser descoberta e, de qualquer maneira, a ciência moderna deve estar errada no provérbio de que ela é um esferoide achatado nos polos. O mundo deve ter alguma forma, e deve ter essa forma e nenhuma outra; e este fato não é tão auto-evidente de forma que alguém possa ter plena certeza. O que tão obviamente se aplica à forma material do mundo igualmente aplica-se à forma moral do universo. O homem que o descreve pode não ter razão, mas ela não é nenhum argumento contra a sua razão de que um número de outras pessoas deve estar errada.

Do seu amigo, G.K. Chesterton"

sábado, 4 de maio de 2013

Essa molecada...


Toda molecada se julga mais inteligente que a geração anterior, quando, na verdade, são apenas mais impulsivos. Não respeitam e nem valorizam o estudo, a lógica, a reflexão, a tradição, etc, mas A-DO-RAM uma palavra de ordem, uma manifestação pública (pra mostrar que tem "atitude"), um protestinho, uma baderna, uma festinha.

Na cabecinha deles, quem opta pela intelectualidade e preservação da ordem é reacionário (o que, na cabeça deles, é um xingamento - eu acho um elogio), é retrógrado, é atrasado, é o caralho a quatro. O negócio é mandar se foder, é xingar a sociedade, é fumar maconha, é trepar adoidado, é abraçar qualquer idéia revolucionária absurda, é ignorar que toda a civilização existe graças à preservação de tradições e hábitos consagrados por sabermos que FUNCIONAM.

É o perigo de se misturar ativismo com adolescência (termo que uso me referindo à maturidade, não à vida cronológica, pois hoje temos adolescentes de quase 40 anos). O espírito de rebeldia natural dessa fase se choca com as proibições impostas pelos pais, pela sociedade, pela moral e pelos bons costumes, e a brilhante conclusão da pivetada é que eles são injustiçados e os opressores devem cair (ora, puxa, por acaso é justamente o papinho favorito de todo esquerdista e marxista). Daí nasce a rejeição pela ordem, pela Verdade, pela busca de conhecimento, pelo trabalho. Daí nasce a preferência pelo imediato e bombástico em detrimento do tradicional e "não tão divertido".

Mas essa postura diante da vida intelectual "chata e insossa" vem de mais longe. Vem dessa cultura medonha de hedonismo que vem se implantando artificialmente nas últimas décadas e que, pra essa gente, é "um tremendo avanço, a queda dos tabus" e blablablás do tipo (já abordei esse tema aqui noutros posts, então não há por que me alongar nisso). Se ao menos soubessem como se originou a revolução sexual e o movimento hippie...

Lembram - e muito - a sociedade descrita no Admirável Mundo Novo, onde a busca pelo prazer constante e incessante é o foco da vida e "todo mundo sai ganhando", pois o povo, agradado pelo moderníssimo panis et circensis, jamais se revolta, ao passo que os administradores não têm com o que se preocupar. É tragicômico vê-los celebrando a própria liberdade enquanto marcham diretamente pra dentro de uma gaiola de barras translúcidas.

Os mártires cristãos morreram defendendo - muitas vezes em silêncio - sua fé e o que sabiam ser o certo. A atual geração tem seus mártires, mas eles morreram de AIDS, overdose ou durante um aborto ilegal.

sábado, 13 de abril de 2013

A hipersensibilidade


"Um fenômeno paralelo à insinceridade é a hipersensibilidade. A insinceridade esconde dos outros as limitaçoes próprias; a hipersensibilidade ressente-se quando os outros as corrigem ou desvendam.
Em determinadas pessoas, nota-se um fenômeno singular: são extraordinariamente sensíveis para as coisas que lhes dizem respeito, e manifestam uma notável insensibilidade para as coisas que dizem respeito aos outros; têm uma epiderme delicadíssima -- como a de uma criança -- para os assuntos que as afetam, e uma pele paquidérmica para os assuntos que afetam os outros; possuem antenas potentíssimas que detectam a mínima suspeita e insinuação pejorativa de caráter pessoal, e pupilas cegas para aquilo que afeta ou magoa o próximo. Este fenômeno é outra decorrência do egoísmo.
Uma pessoa normal -- quer dizer, uma pessoa consciente de sua própria realidade -- não se irrita quando alguém de boa vontade a corrigir ou lhe oferece uma crítica construtiva. Se é amadurecida, agradece. O orgulhoso, pelo contrário, sente a crítica como um ataque pessoal. Supervaloriza a correção com uma reação emocional. Como explicar a intensidade da sua ira? A sua explosão irracional só pode ser plenamente compreendida se se tiver presente que o seu mundo começa e termina nele. A sua personalidade e a sua segurança baseiam-se na falsa imagem inventada pelo seu orgulho. E quando alguém o critica, tem a sensação de que esse suporte começa a fragmentar-se, e experimenta a vertigem e quem sente o chão desaparecer-lhe debaixo dos pés. A sua ira intensa é como o instinto de defesa ou de conservação de um animal acuado. A sua agressividade é por isso, paradoxalmente, um claro sinal de insegurança.
O orgulho ferido pode ter ainda outra manifestação alternativa: a depressão. Há pessoas que não reagem violentamente, mas fecham-se  em si mesmas, abaladas, tristes. É como se ficasse de "luto" diante dese formidável "eu" que sonhavam ser, e que acaba de morrer vítima de uma crítica ou de uma correção que lhes parece injusta. Não são poucas as 'vítimas' que encontramos ao nosso lado nem os que se deixam dominar pelo 'complexo de Cinderela'. Ninguém se lembra de mim, não me tratam como mereço. Quando chegará alguém que reconheça as minhas qualidades? Em que momento serei libertada pelo 'príncipe encantado'? Dá pena ver tantas pessoas reconcentradas sobre as suas pequenas feridas, chorando o hipotético abandono a que se sentem relegadas, remoendo as mágoas provocadas por supostas injustiças... Um miligrama de aparente desrespeito ou indiferença representa para elas um autêntico veneno. Dai a auto-piedade, que é um sentimento mais comum do que se pensa: julga-se com frequência que se precisa de uma afeição especial, maior do que aquela de que precisam os outros. Este sentimento leva a justificar como legítima essa 'chantagem afetiva' que aumenta as próprias dores para chamar a atenção sobre si.
Em todas estas manifestações, revela-se um 'subjetivismo' muito próprio da pessoa imatura. Quanto mais imaturo ou mais primitivo for o ser humano, mais intensos serão os laços de referência pessoal que mantém com o meio ambiente. Para o homem das cavernas, um relâmpago significará um sinal do céu pessoalmente dirigido a ele; de modo paralelo, a impressão de que grande parte das coisas se referem a nós -- tanto as elogiosas como as pejorativas -- é um sintoma claro desse subjetivismo 'primitivo', característico das pessoas imaturas.
Há outras variantes desta hipersensibilidade, mas todas elas se sintetizam num tipo genérico de pessoa, consagrado por uma expressão comum: a pessoa 'difícil'. É 'difícil' falar com ela sem que fique ressentida; apesar de estar rodeada de solícitos cuidados, é 'difícil' agradá-la; é 'difícil' que se sinta à vontade num ambiente em que não seja o centro das atenções... Alguém dizia deste tipo de pessoas que, para relacionar-se com elas, é necessário estudar 'trigonometria'. Nunca se pode abordá-las de forma simples e direta; é preciso ter muito cuidado, utilizar linhas quebradas, fazer triangulações....
Essas pessoas 'difíceis' parecem estar sufocadas pela sua própria importância, pela importância que atribuem ao seu nome, à sua dignidade e à sua honra. Estão como que corroídas por uma doença epidérmica, por uma suscetibilidade alérgica a tudo o que de longe possa significar desrespeito ou falta de consideração. Isto as torna suspicazes, desconfiadas e melindrosas. Sofrem extraordinariamente.
Nunca chegaremos à objetividade e ao realismo da verdadeira maturidade enquanto não compreendermos que nós somos, em última análise, o que somos diante de Deus. E mais nada. O resto não importa."
(CIFUENTES, Rafael Llano; "Egoísmo e amor")

"O que as garotas querem?"


Para responder esta questão, eu propus uma pesquisa para mil garotas do segundo grau e do ensino superior. Duas das quatro questões que perguntei foram "O que você espera em um homem?" e "Se você quisesse que os caras soubessem de uma coisa, o que seria?"

Aqui está o que elas disseram:
A qualidade que elas mais procuram em um homem é que ele seja fiel e honesto. Num segundo plano, elas querem que ele seja respeitoso. Outras respostas comuns foram que o homem devesse ser amável, carinhoso, puro e próximo a Deus. Juntas, essas seis virtudes correspondiam por 90 porcento dos votos. Atratividade física, habilidades atléticas e saúde não foram as primeiras preocupações.
Quando perguntadas sobre alguma coisa que elas quisessem que os homens soubessem, algumas das damas ofereceram pérolas de sabedoria como "Não seja estúpido" e "Nunca diga: Ela parece gorda nesse vestido". Felizmente, a maior parte das garotas deu respostas mais substanciais sobre o que gostariam que os caras soubessem.
Algumas sugeriram, "Dê uma chance", quando estivessem em relacionamentos, ou "Seja a pessoa que você quer casar". Um grande número de jovens mulheres disse, "Seja você mesmo, e não deixe seus amigos pressionarem você a se tornar algum qualquer". Algumas disseram, "Que ame a Deus mais que a mim".
Outras garotas expressaram suas feridas e inseguranças. Elas queriam que os caras soubessem "Nós somos frágeis", "Nunca me machuque", ou "Se eu pudesse voltar atrás em uma noite, eu faria". Estas respostas convergem a um senso de que muitas garotas foram manipuladas e usadas e poucas tinham sido guardadas no amor ou prosseguido com sinceridade. Muitas pareciam duvidar de que elas não valiam a pena lutar.
Pureza foi um tema comum a 20 porcento das respostas, com garotas dizendo coisas como "Nunca pressione uma garota", "É mais gostoso esperar até você estar casado", e "Eu estou esperando por você, e quando eu encontrar você eu vou me entregar totalmente a você porque eu me guardei para você. Eu te amo onde você estiver e seja quem você for!". Uma garota assinalou a pureza de discurso, dizendo "Não diga coisas pervertidas a garotas. Isso é degradante e assustador." Outra garota disse: "Se você está tentando ser puro e você vê uma garota vestida modestamente, diga-a que aprecia a sua modéstia."
Mas a resposta de longe mais dada - representando 429 de 1000 respostas - foi que as garotas queriam um homem que soubesse como as tratar como uma dama. Elas expressaram a esperança de que os caras respeitassem uma mulher e não as usasse, e que "Me amasse por quem eu sou, e não apenas por meu corpo". As garotas também pediram para não serem tratadas como "algum dos caras". Nas palavras de uma garota, "Tudo o que as garotas querem é um cavalheiro". Por 'cavalheiro' ela não quis dizer um doce e pensativo garoto, mas um homem que soubesse como honrar uma mulher apropriadamente.
Sabendo disso, é razoável perguntar porque garotas namoram babacas se elas realmente querem cavalheiros. Ou porque elas se vestem como se quisessem que seus corpos recebessem toda a atenção se elas realmente querem que os caras estejam interessados nas suas personalidades.
Uma jovem mulher respondeu melhor a estas objeções quando ela escreveu, "Algumas de nós não sabemos como queremos ser tratadas." Algumas vezes as garotas tem desejo de esquecer sua dignidade e seus anseios mais profundos para se sentirem desejáveis a um homem. De um modo similar, nós podemos esquecer nosso desejo de sermos cavalheiros para a preocupação de recebermos prazer.

"Ela irá pensar algo errado de mim se eu disser não?"
Isto dependerá do tipo de garota que ela é. Uma jovem mulher me disse que ela chorou quando o seu namorado disse que queria parar de ter sexo com ela, porque ela pensou que ele estaria terminando o namoro. Mas então, ela disse, "Ele me reafirmou que isso não era o caso e que ele ainda a amava e queria amá-la por sua mente e não apenas por seu corpo. Eu fiquei impressionada com isto."
É surpreendentemente raro para uma mulher olhar mal para um cara que queira guardar a inocência do relacionamento. Para testar isto, eu perguntei as mil garotas na minha pesquisa a seguinte questão: "Se você estivesse indo longe demais com um cara, e ele lhe desse um beijo na testa e dissesse, 'Eu acho que precisamos ir com calma. Eu respeito você tanto para fazer isso tudo com você, e eu quero me apaixonar por você por todas as razões corretas', você o acharia mais atraente, ou menos?".
Quase 100 porcento das garotas - 995 - disseram que achariam o cara mais atraente. Uma garota disse que isto era "porque ele estava pensando em nós e não apenas nele". Outra garota comentou: "Eu não vou mentir. Primeiro, eu pensaria: 'O quê? Que tipo de cara fala isso?' Mas mais tarde naquela noite eu estaria pensando, 'Eu realmente gosto desse cara'".
Eu apresentei a questão final a estas garotas: "Alguns caras temem serem virgens como algo embaraçoso. Como você se sentiria se um cara guardasse sua virgindade para você, sua noiva?" Novamente, as respostas impressionantemente indicaram a atratividade da pureza. Aqui estão algumas réplicas:
  • "Ele é o tipo de cara que eu precisaria agarrar antes que bilhões de garotas fariam."
  • "Pare de se preocupar com o que os outros dizem. Isto significa muito do que você quer."
  • "Isso é excitante."
  • "Está certo ser um virgem. De fato, muitas garotas preferem assim."
  • "Requer muito para um cara manter-se virgem, e eu amo garotos assim - que não se importam com o que as pessoas pensam!!!"
  • "Ele é mais másculo que muitos caras."
  • "Eles não deveriam ficar embaraçados. Eu não fico."
  • "Sua noiva vai ser sortuda."
  • "Grata a Deus por caras como esse."
  • "Muitas garotas como eu acham bobo quando um cara está assustado por ser um virgem. Ele deveria se orgulhar."
  • "Eu me sinto como uma verdadeira princesa, porque é assim que quero me sentir na minha noite de núpcias."
  • "Eu iria querê-lo mais!"
  • "Esta é a coisa mais linda que um homem pode dar a sua noiva. Isto fortalece a essência de ser um homem em uma escolha. Ele prometeu todo o seu eu, incluindo seu corpo."
  • "Incrível. Eu não me sentiria comparada com suas outras ex-namoradas."
  • "Ele pode respeitar você mais se ele respeita a si mesmo."

Quase todas as garotas - 996 - disseram que se sentiriam amadas, honradas, e mais atraídas por tal tipo de homem. Das quatro garotas que restaram, uma expressou descrença, e as outras três foram indiferentes, dizendo coisas do tipo "Eu o amaria nem mais nem menos se fosse assim."
Toda garota sonha em saber que é amável, desejável, e que vale a pena ser protegida. No momento em que a garota chega à faculdade, ela geralmente desiste da esperança por causa das coisas que ela viu (ou fez). Ela pode se contentar com namoricos ou sendo "amigos com benefícios", mas em seu coração, ela sonha com algo mais. De fato, mais garotas da faculdade que eu possa contar me perguntaram a mesmíssima pergunta: "Todos os caras estão interessados em apenas uma coisa. Onde eu poderei encontrar um homem decente?"
Imagine que você está a contar a uma garota que você não quer fazer algo sexual. Se ela o deixar por causa que você quer manter a pureza, então você sabe que ela jamais o amou desde o início, e então está melhor sem ela. Mas se ela ficar com você, então vocês se respeitarão um ao outro muito mais. De qualquer forma, nós devemos todos encarar o medo da rejeição se pretendemos amar.
Como a pesquisa mostrou, muitas mulheres sonham em encontrar um homem confiável que é capaz de ter autodomínio. Mesmo se você já perdeu a virgindade, você pode ainda escolher por começar novamente e viver a virtude da pureza. Indiferente ao passado, nunca é tarde para se tornar o homem que você deve ser.
(Jason Evert, "Pure Manhood")